Quando falamos em viagens, na maioria das vezes, usamos como muleta o fato de não termos dinheiro para tal ou tempo - mas hoje em dia essa desculpa está sendo mutável com tantos aplicativos e possibilidades. Nunca imaginei que estaria viajando pelo Brasil com o meu projeto cultural e muito menos que estaria fazendo isso sem dinheiro, então são dicas para quem quer viajar e não, mas vale ressaltar que com toda certeza irá sair da zona de conforto. Viajar pelo Brasil me mostrou o quão complicado é viajar pelo nosso próprio território, já que muitas vezes é mais em conta sair do país, por causa do valor das passagens, como exemplo.
** todos os links foram inseridos sem patrocínio porque realmente acreditamos nessas iniciativas.
Uma dica importante de segurança: quando seu celular está bloqueado você tem a opção "chamada de segurança". Clicando nessa opção você pode inserir seus contatos de emergência, como também dados médicos.
Pouso/Residência
Sou suspeita em falar da Worldpackers, mas a plataforma foi a primeira motivação real para começar a viajar, com o convite da equipe eu fui para São Paulo para apresentar o documentário sobre a minha experiência na Amazônia no escritório deles e já fui viajando pela plataforma - antes minha preocupação era como eu iria conhecer a nossa cultura brasileira e ali percebi que eu queria conhecer na prática. Worldpackers é uma plataforma colaborativa para trocas de experiências, ou seja, você troca trabalhos por pouso/residência e outros benefícios em hostels, pousadas, ONGs, comunidades e projetos ecológicos - seja para economizar na sua viagem, ter uma imersão na cultural local ou desenvolver novas habilidades. São mais de um milhão de viajantes e anfitriões de 170 países que fazem parte da comunidade!
Dicas e como funciona no Brasil:
- Importante pesquisar a localidade que vai, sua tarefa de trabalho, o espaço conforme suas necessidades e também seu deslocamento. Custos com deslocamento, avião e alimentação são por conta do voluntário, em alguns casos você ganha alimentação dos dias que você trabalha. Eu já troquei produção de vídeos, fotografias, limpeza, recepção, bar, mas o meu foco são projetos.
- No Brasil não tem muitos projetos, na maioria são hostels que são bem acessíveis com relação aos horários. No meu caso, nessas situações eu troco trabalho por pouso e nas minhas folgas vou ensinar fotografia e cinema em projetos situados em favelas, comunidades indígenas e centros socioeducativos.
- Carga horário é de 30 horas semanais e a folga vai variar conforme quantas horas por dia você trabalhar. Tem alguns hostels que eles chamam a vaga de folguistas: a pessoa trabalha o final de semana e pode folgar durante a semana toda, cobrindo as folgas de quem trabalha durante a semana.
- Você precisa pagar uma taxa anual, optando se quer ou não renovar - não é um contrato vitalício. Esse valor de $49 e está incluso um seguro, esse seguro pode ser acionado quando uma das partes não cumprir com as obrigações.
- Airbnb: Quando fui palestrar em Concórdia, não tinha mais vaga de hotel que eu estava ficando para o meu amigo Luiz que foi junto, então achamos um Airbnb. O comentário dele é que se ele tivesse ficado em um hotel ele não teria sido tão feliz, a mulher foi uma mãe pra ele. Nunca usei, então achei um IG interessante no Instagram com dicas sobre o Airbnb.
- Couchsurfing: É uma rede social de pouso gratuito, ou seja, a pessoa abre a sua casa para te hospedar. Os dias são definidos por você e vai de quem está te hospedando te aceitar. Não fique mais tempo que o solicitado, a não ser que o host ofereça. É bom ter bom senso, então planeje com antecedência - já que está de favor na casa de alguém e viajar em grupo raramente você consegue um lugar, viajando sozinho, ou em dupla, é mais fácil encontrar um sofá.
Aplicativos de Mobilidade / Carona
O termo carona hoje em dia não significa gratuidade, muitos utilizam esse termo para representar uma carona compartilhada com divisão de custos - ou seja - você divide em partes iguais o que o motorista já gastaria sozinho com a viagem, sem acréscimos.
- BlaBlaCar: aplicativo facilitador de caronas pagas.
No Brasil os conselhos são:
- Prestar atenção nos comentários que os motoristas recebem nas avaliações, como também conferir quem serão as demais caronas da viagem.
- Anotar a placa, conferir se é a mesma na chegada do motorista e enviar para um amigo de confiança uma foto da placa, do motorista e a sua localização - principalmente se você é mulher, é um aplicativo muito usado por homens, mas é super tranquilo - já viajei com mais três homens e não houve em momento algum falta de respeito.
- Pesquisar mais que uma possibilidade de carona e dias, inclusive aplicativos de ônibus, porque já vi casos em que os motoristas colocam o valor a mais nos custos e lucram com a viagem.
- O motorista pode cancelar a viagem a qualquer momento, então confirmar com ele pelo WhatsApp e perguntar para avisar, caso isso ocorrer.
O aplicativo InDriver é novo no Brasil, ainda não testei, mas um viajante que conheci em São Paulo falou que andou e a teoria dele é bem funcional. O inDriver é um app de origem russa, que oferece um serviço de mobilidade urbana em mais de 200 cidades e mais de 20 países. A diferença para outros aplicativos é que no inDriver os passageiros e motoristas negociam o preço da viagem entre eles, sem intermediários.
Ônibus
- Buser: é o Uber do ônibus. São empresas que trabalham com turismo que uniram-se através do aplicativo para fazer o deslocamento de uma cidade para outra. Você comprando a primeira viagem com ida e volta, a ida é gratuita, você paga somente a volta. É mais em conta porque você pega o ônibus em garagens próximas das rodoviárias, mas isso também pode ser uma desvantagem para quem precisa esperar para viajar, não tem um espaço físico que possa sentar tranquilo, é uma garagem mesmo. Não é garantida a viagem até que uma determinada quantidade mínima de passagens sejam compradas. Caso não for viajar, o dinheiro é reembolsado de imediato ou pode ficar como crédito para outras viagens. Tem limite no peso e tamanho da bagagem, podendo ocorrer multa com a ultrapassagem. Você ganha um Kitkat no início da viagem.
- Outlet de Passagens: Eles oferecem passagens mais baratas e com viagem garantida - você consegue mais em conta porque eles têm parcerias diretas com as transportadoras, então é menos imposto. Exemplo: de Florianópolis para São Paulo paguei R$ 78,00, enquanto os pais de uma amiga minha pagaram por R$ 155,00 cada passagem. Uma coisa que precisa cuidar é o teu horário,Eles revelam o horário da viagem, a empresa e o assento após a compra da passagem.
Carona Gratuita
- ID Jovem: esse não é um aplicativo, é o documento que possibilita acesso aos benefícios de meia-entrada em eventos artístico-culturais e também a vagas gratuitas ou com desconto no sistema de transporte coletivo interestadual, conforme disposto no Decreto 8.537/2015. Você que tem baixa renda tem o direito até aos 29 anos de idade.
- FAB: é um pouco complicado, mas é possível viajar sim com os aviões da Força Aérea Brasileira. Você precisa cadastrar o seu destino em um centro específico das cidades indicadas no site e precisa renovar esse cadastro a cada quinze dias. Normalmente as viagens ocorrem e você é avisada ao menos meia hora antes. Compensa para quem está com a vida mais livre e sem pressão de prazos, sem contar a experiência.
- Placa em vez do dedo: Os melhores pontos para se conseguir uma carona são os postos de gasolina, os postos da polícia rodoviária, os postos de fiscalização da fazenda ou vigilância sanitária e borracheiros. Existe um site estrangeiro com pontos bons para pedir carona, incluindo pontos brasileiros: HitchWiki.
Deslocamento interno:
- Waze: O Waze criou uma nova atividade no app, o Carpool, em que você consegue buscar ou ofertar carona para pessoas que vão para o trabalho perto do seu.
- Uber: tradicional e funcional em vários países. Existe a função "juntos", que acaba tornando a viagem bem mais em conta. Um aplicativo similar é o 99 Pop, porém esse não é tão popular fora do Brasil.
- Transporte público: esse é o que eu mais recomendo. Além de ser mais em conta,
- Mototáxi: em algumas cidades, principalmente do norte do Brasil, a atividade do mototáxi é muito comum e mais barato que o transporte público. A desvantagem é que em algumas cidades você anda sem capacete porque é "normal".
No meu resumo de 2019 dá para sentir um pouco de todas as experiências que coloquei aqui no texto:
Alimentação
Na virada de 2018 para 2019 decidi parar de comer carne após passar a virada mau e coincidiu com a minha nova rotina de viagens consecutivas - a minha sorte é que meses antes eu havia ido pelo SUS em uma nutricionista e tive uma pequena base das minhas necessidades, mas nem imaginava como as variações de opções e valores entre os estados seriam tão grandes, principalmente valores. A foto ao lado é do norte do país - Boa Vista, em Roraima - valor que no sul é no máximo R$ 5,00. Em Pacaraima - RR, ficamos dentro da Operação Acolhida do Exército Brasileiro e lá ganhamos alimentação, desde o café até a janta - a base era feijão, arroz, as mesmas saladas de cenoura e tomate todos os dias e alguma proteína - acabei comendo frango algumas vezes porque o corpo pedia e a nossa fuga era o Restaurante da Maninha, que faz tapiocas e bolos incríveis, com preços em conta.
Dicas:
- Compre de locais: além de valorizar o cenário da cidade, você conhece a cultura local e ainda paga mais em conta, em alguns casos. Um exemplo: no Amazonas eu comprava tapioca bem grande, com recheio de ovo e queijo por apenas R$ 3,00 - produto esse que em Chapecó e em tamanho reduzido o valor é de R$ 10,00.
- Xepa nas feiras: todo final das feiras de rua, alguns feirantes deixam os produtos pela metade do preço, ou até mesmo doam - já que o deslocamento muitas vezes acaba ocasionando de estragar as frutas, por exemplo. Em São Paulo conheci o "Homem de Lata", ele doa para a escola do filho como complemento.
- Almoço nos Hostels: alguns hostels que estão cadastrados pela plataforma da Worldpackers eles acrescentam nos benefícios a alimentação, no Ô de Casa Hostel Bar - como exemplo - eles dão café da manhã todos os dias para os voluntários e almoço ou janta nos dias de trabalho, conforme horário. Em alguns você não consegue nem cozinhar e outros você pode dividir a conta do mercado com outros voluntários, assim fica mais em conta para todos e todos comem bem.
ACHO que é isso - espero que essas informações possam ajudar a tirar do papel ou criar novas oportunidades de viagens, mas principalmente de experiências. Nosso Brasil é incrível e precisamos conhecer ele cada dia mais!
