22/02/2020 às 13:06

8 produções audiovisuais que mudaram a minha vida!

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8min de leitura

Com toda certeza são mais de dez produções audiovisuais que me marcaram, mas essas são as que com toda certeza assisti mais de uma vez e que mais pessoas precisam assistir. Queria falar de Supernatural que me fazia fugir do meu quarto de madrugada para assistir no SBT enquanto a minha mãedrasta dormia, foi ali que começou abrir a minha mente para as narrativas audiovisuais - mesmo que não com um conteúdo muito interessante e representativo. Kill Bill foi a minha primeira experiência com fita cassete e VHS, mas principalmente com a maestria do Quentin Tarantino. Stranger Things que me uniu ainda mais com o meu irmão, também me mostrou as suas inúmeras referências fílmicas que contém no seu roteiro e fotografia. A magia do cinema é justamente essa, de você estar na sua realidade e viver uma fantasia, até mesmo fantasias que são reais!

1 - Olhos que Condenam (When They See Us), 2019 - Ava DuVernay: Série com quatro episódios de no máximo 88 minutos cada, é uma produção disponível na plataforma da Netflix com a possibilidade de baixar offline. Conta sobre a primavera de 1989, em que cinco jovens foram coagidos pela polícia a assumir um crime brutal do qual não haviam cometido. Além da inocência explícita nas provas a favor dos menores e que mesmo assim presos, o que marcou no enredo baseado em fatos reais é o preconceito racial de uma egocentra em buscar um culpado pelo estupro que ficou popular pela mídia. Até quanto vale uma vida? É um seriado que nem todos estão preparados para assistir, mas é justamente por isso que deve ser compartilhado - precisamos conhecer as realidades para entender e mudar perspectivas.

As cores do seriado me faziam lembrar as cores dos centros socioeducativos que eu já havia dado aula e a história me fez chorar desde o primeiro episódio. O branco das paredes eram substituídos pelos reflexos cinzas de todas as outras cores escuras que dominavam o espaço, mescladas com as cores do governo. Não consigo lembrar nenhuma cena com uma super diferente do comum, porque justamente é a história e a cor da fotografia que marcam - a cor do exílio para aqueles jovens que foram julgados pela sua cor de pele e pela necessidade de encontrar um culpado.

2 - Anne com E (Anne with an E), 2017 - 2020 - Kathryn Borel: Casal de irmãos do interior de Green Gables adotam um menino que chega pelo trem para ajudar na fazenda e a surpresa é que houve uma confusão e na verdade chega uma menina, a Anne. Anne é uma criança ruiva, que sofreu muito no orfanato e que mesmo com todo sofrimento vê a vida como uma poesia. Essa poesia é transmitida através da fotografia com cores quentes, mas principalmente na atuação da personagem principal: suas falas agitadas mostram a necessidade de expressão daquela jovem que tem o pensamento além da sua época e esse desejo é tão forte que você acaba percebendo mudanças nos outros personagens que estão em seu entorno - sem contar em quem está assistindo. Eu chorei em todos os episódios, é um seriado importante para qualquer época: fala sobre adoção consciente, direitos humanos, feminismo, preconceito, bulliyng.

3 -  Nise, o Coração da Loucura, 2015 - Roberto Berliner: A ARTE SALVA, eu poderia só deixar essa descrição que muitas pessoas que lidam com desafios através da arte já iriam identificar-se com o trabalho da Nise. O filme é baseado em uma pessoa real, uma mulher psiquiatra que contrariou todos os demais profissionais homens da área sobre o tratamento convencional de esquizofrenia - o tratamento de choque. Em meados de 1950, ela assume uma unidade de saúde mental e através da arte e do amor ela cria a terapia ocupacional, que até hoje estudamos e desenvolvemos através de desenhos, fotografias, escritas, filmes, enfim, ARTE. 

É um filme interessante no quesito adaptação do real, roteiro, atuações, como também na fotografia além das cores, é um filme que você tem um leve desconforto em assistir os momentos tensos dos desafios dela com os internados através dos movimentos da câmera, algumas vezes tremendo outras com aspecto de câmera na mão e algumas cenas rápidas. É uma produção brasileira e está disponível na Netflix, vale conferir até mesmo pela valorização nacional - existe mais vídeos além do padrão "Globo Filmes". A ARTE SALVA.

4 - A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty), 2013 - Ben Stiller: é o tipo de filme que te traz esperança ao sonhar, mas mostra que viver é melhor, nos faz explorar o nosso entorno. Inicia com o Walter Mitty, vivendo a rotina dele em meio aos devaneios psicológicos de viver uma vida que não é a que ele estava vivendo, bloqueado por inseguranças e a rotina. Walter era um adolescente que tinha um moicano e andava de skate, após a morte de seu pai na sua adolescência foi obrigado a assumir a responsabilidade de ajudar nas finanças da família que agora é composta por sua mãe e uma irmã mais nova, mudando seu estilo, vivendo de social e trabalhando no ambiente escuro de uma sala de revelação de negativos da Revista Life. Após a transição da revista de impressa para digital, ele tem a missão de imprimir a última foto da capa, mas a mesma desaparece e ele vai na busca do fotógrafo peregrino e excêntrico, Sean O'Connel. O personagem de Walter Mitty é interpretado por Ben Stiller, tendo o papel de diretor do filme também. Nas primeiras vezes que assisti esse filme eu achava que havia algumas cenas desnecessárias, até entender que no final uma coisa ia encaixando na outra, fazendo o total sentido e necessário. 

A fotografia desse filme está impecável, com a ajuda dos ambientes naturais ditos como paraísos. O lema da revista aparece com o intuito que possamos usar como referência na vida real e posso dizer que eu revivi uma cena do filme na minha vida - a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida. 

"Para ver o mundo e as coisas perigosas que estão por vir.

Para ver além das paredes e chegar mais perto.

Para encontrar o outro e sentir.

Esse é o propósito da vida."

Eu estava em Pacaraima - RR conhecendo os abrigos e as comunidades indígenas brasileiras que estão recebendo e acolhendo os refugiados da Venezuela. Em uma dessas comunidades acabei ficando na comunidade Tarau Paru enquanto o meu amigo foi para Sakamuta, tudo havia se acalmado na parte central da comunidade e eu resolvi caminhar, até que encontrei um campo improvisado de futebol, de terra e com pessoas jogando bola com os pés descalços - eu que nunca fui boa jogadora de futebol, mas resolvi colocar a câmera na lateral do meu corpo e fui jogar, o fato de ser uma péssima jogadora foi substituído por eles pela preocupação em não bater na minha câmera, coisa que eu que deveria estar preocupada e não estava - eu só queria continuar vivendo esse momento de risadas. Logo os soldados vieram me buscar para voltar para o abrigo, me despedi e fui saindo com aquela sensação de ter vivido em um filme e logo lembrei da cena em que Walter e Sean jogam com os locais - mas diferente deles, eu cliquei uma única foto para me ajudar nas memórias do dia, e chorei de emoção de poder viver aquilo.

5 - Tales by Light, 2018: é um seriado sobre fotógrafos fora do meio comercial e tradicional da fotografia: documental, natureza, animais exóticos, preservação, humanitário, e outras denominações para a mesma arte. É um seriado que está disponível na Netflix, é patrocinado pela Canon, com episódios curtos e três temporadas. Mesmo sendo sobre a área da fotografia, a ideia do seriado é mostrar a reflexão e engajamento de cada área do fotógrafo em quebrar os tabus. Episódio que mais me marcou foi o episódio do homem que nada com os tubarões, eu chorei em como esse animal vinha pedir carinho.

6 -  A sexta indicação é um compilado de indicações que refletem algumas situações similares com relação a família e entre bem e o mal interior. São eles: Big Hero 6, 2014 - Don Hall, Megamente, 2010 - Tom McGrath, Breaking Bad, 2013 - Vince Gilligan. Big Hero 6 e Megamente são animações voltadas para crianças e adultos, ambas disponíveis na Netflix. Big Hero fala sobre como a relação com a família pode afetar nas escolhas, principalmente com relação entre as escolhas que ocasionam consequências ruins e Megamente foi enviado de outro mundo para a Terra junto com o MetroCity, Megamente acha que é destinado a ser o malvado da cidade até que o herói da cidade desaparece e ele é obrigado a mudar de perspectiva, em resumo fala sobre oportunidades. Breaking Bad já é mais complexo e aclamado por quem assistiu já a série de cinco temporadas em que você literalmente torce para o vilão. Walter White é um professor de química que descobre que está com uma doença terminal no pulmão, mas como professor não tem uma renda rentável para deixar a família bem após a sua morte, ele é casado e tem um filho com paralisia cerebral. Vendo-se desesperado, ele começa fabricar metanfetamina junto de um antigo aluno e assim a trama começa fluir. O mais interessante é que como envolveu-se com a situação da família que você acaba torcendo que as ciladas de ser uma profissão ilegal dê certo, mesmo que essa atividade acaba prejudicando outras pessoas. A fotografia desse seriado vai mudando conforme a personalidade do personagem principal, como também as cores das roupas dos personagens são conforme o estudo da "Psicologia das Cores no Cinema". Quais são os nossos verdadeiros heróis?

7 - Brené Brown, The Call to Courage, 2019: Não sei se gosto mais do conteúdo ou da forma tranquila e precisa que a Brené compartilha sua pesquisa sobre vulnerabilidade humana. É uma palestra que está disponível na Netflix e passa mais rápido que muitos filmes, você acaba refletindo sobre o seu processo de vulnerabilidade. 

8 - Pulp Fiction, 1994 - Quentin Tarantino: Primeiro filme que assisti do Tarantino foi Kill Bill em VHS, mas foi em Pulp Fiction que eu me apaixonei pelo diretor, de como os diálogos foram fazendo as conexões. Antes de eu assistir o filme, havia visto várias falas sobre a cena do Vincent e da Mia dançando, mas o que destaca mesmo é de como o filme estava viajando e ainda assim conseguia fazer sentido nas cenas de acontecimentos do Butch, porque ele foi sofrendo consequências seguidas e quando ia dar a reviravolta, acontece outra e mesmo assim você fica ali na expectativa, acaba surpreendendo mesmo assim. Todas as histórias são introduzidas e no final as cenas fazem uma junção dos personagens. O mafioso Marsellus mata um antigo capanga por suspeita de estar se envolvendo com a sua esposa e convoca Vincent para que ele possa acompanhar Mia para sair - quando ele vai entrar na casa ele fica em uma divisão de sombras que pode ser representado isso como ele entre as escolhas e consequências. Se eu continuar explicando vou acabar entregando as surpresas, mas afirmo que vinte anos depois e continua um filme surpreendente. 

22 Fev 2020

8 produções audiovisuais que mudaram a minha vida!

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