Série Documental

Florianópolis - SC

Fluir: uma carta aberta para o amor e o prazer!

Texto por Noah Ricardo e Gabriela

 Fotos por Ângela Reck



"fluir: quando os desejos do subconsciente tomam o controle da mente de 

alguma forma,  é como deixar o que não faz sentido ter sua vez de existir".



eis a minha gaiola”, disse ela ao abrir os portões.

Quando vi sua casa por fora senti um certo estranhamento com as grades de cor acinzentada, não conseguia enxergar nada além daquele alinhamento de metal que não deixava entrar nem mesmo a luz, dando um ar de aprisionamento. Ao entrar me deparei com um belo jardim com plantas bem cuidadas e também vi uma pequena mesa de madeira rústica cercada por cadeiras do mesmo estilo, almofadas coloridas que me fizeram imaginar um café animado que vez por outra seria interrompida pela cadência da conversa que me deixaria vislumbrar o azul do céu e o verde das montanhas pelo seu olhar. Não imaginei que aquele espaço aconchegante estava escondido dentro daquele emaranhado de ferros. A porta do seu templo era vermelha, tem uma entrada para gatos bem ao lado dessa porta que por fora é quadrado e por dentro é redondo... coisa de bruxa... 


“eu mesma pintei essa porta”

Imaginei-a em uma tarde de sol, o suor em sua testa e as pinceladas transformando uma antiga e apagada porta no mais belo portal entre dois mundos: o nosso mundo e o dela. Os livros na sua estante eram perfeitamente alinhados, pareciam que foram escritos para estarem ali. Em tudo tinha seu cheiro e a sua casa lhe flagrou tantas vezes em seus momentos íntimos, testemunhando tantas versões dela que a própria casa tornou-se uma extensão do seu corpo e eu enxergava suas texturas, seus tons em cada centímetro do seu castelo. Na prateleira rústica havia uma imagem de Xangô e Oxum que foram o ponta pé inicial para uma longa conversa sobre ancestralidade. Nos sentamos no sofá e percebi que tudo na sua casa é um convite ao sossego como em um retiro espiritual. Falamos de Oxumaré, orixá africano que rege a sexualidade e mudamos o assunto para a sensualidade. O sorriso que se despontou entre uma palavra e outra transformou as frases pensadas em falas soltas, fui mais afundo e fui mostrando muitas versões de mim.





Meu corpo ficou diferente, além da fala solta meus poros liberaram moléculas de ocitocina para indicá-la que eu gostaria de me aproximar e ela parecia corresponder, mas não na mesma intensidade que eu. Na minha imaginação eu estava abraçando e sentindo sua pele, mas notei que não seria uma boa ideia reagir a meus estímulos, pois eram meus desejos: ela queria continuar falando de líquens. Embora na condição de homem eu sinta pressão social, conclui muitas vezes que esse pensamento é uma das maiores besteiras desumanas que norteiam a cultura machista e que ainda faz com que baseiam todo afeto e prazer numa ideia de estupro, deixando as mulheres desconfortáveis em ficar sozinhas com homens por se sentirem intimidadas. Eu não queria que ela sentisse medo de mim, se ela perceber que minha libido estava além do que a situação permite iria sentir-se acuada. Fomos ao mercado comprar algo para tomar café e curiosamente ela me questiona sobre meus antigos relacionamentos. Conto sobre um relacionamento conflituoso com outra mulher, principalmente que não me sentia confortável em ser visto como mulher, embora tinha um corpo feminino, me sentia um homem transgênero e que gostaria de fazer uso de hormônios. Foi difícil porque ela se definia como uma mulher lésbica, procurava uma imagem feminina em suas relações e eu não sou feminino. Não queríamos abrir mão um do outro, mas também não queríamos tornar o outro infeliz. Terminamos e não foi fácil, as feridas ficaram abertas, os porquês sem respostas e nos acostumamos com o silêncio um do outro. Quando lhe contei que sou um homem transgênero, Gabi ficou tranquila e essa tranquilidade fez com que ela conhecesse aspectos da sua sensualidade: 


“somos direcionadas a acreditar que para ser sensual é preciso maquiagem, salto, lingerie e não somos estimuladas a explorar nossa sensualidade de outra maneira. A sensualidade é uma característica vinculada a personalidade e não a aparência, mas somos influenciadas a acreditar no contrário". 


Trinta minutos e ainda não chegamos, a longa distância do mercado nos deixou íntimos e fiquei surpreso com a fala dela: 





 “tenho vaginismo, sabe o que é isso? Ninguém sabe, não precisa ficar constrangido". 

Fui à casa de uns amigos e como não tenho o costume de beber, fiquei mal bem rápido com dois shots de tequila. Apaguei no sofá, acordei no colo de um cara que não conhecia e ele disse que estava me levando pro quarto porque eu estava atrapalhando a galera no sofá. Apaguei novamente e horas depois fui para casa: vomitei as tripas e fui dormir. No dia seguinte acordei sentindo-me machucada, não lembrava nada do que havia acontecido, entrei em contato com meus então amigos e enviei mensagem perguntando o que aconteceu para o desconhecido e ele disse: ah, a gente apenas transou!”. 


Fiquei chocado! Fiquei em silêncio porque não achei nem uma palavra cabível para o momento. Eu quis abraçá-la para conforta-la, mas meu abraço poderia lhe causar tensões e essa não era minha intensão. 


Eu tento me curar disso há anos, faço terapia pélvica, sabe o que é? São exercícios que minha fisioterapeuta me passa para estimular o relaxamento dos músculos da região. Primeiro tive acompanhamento psicológico e psiquiátrico, demorei para perceber que meu desinteresse sexual era por conta disso, achei que era uma fase que eu queria ficar mais sozinha, mas aí assisti um filme em que acontecia uma situação muito parecida e fiquei paralisada. Levei isso para a minha psicóloga, a gente foi conversando e eu fui me entendendo. Primeiro tive que entender que existem vários níveis de vaginismo: de 1 ao 5 e o meu é o 4. Eu usei dilatadores: comecei pelo pequeno que é do tamanho de um dedo e fui até o mais largo, caso eu queira ter filhos ou me relacionar com um homem. Alguns níveis de vaginismo não precisam desse processo e alguns precisam de cirurgia. A cirurgia não é recomendada porque o vaginismo é um processo psicológico então o problema pode retornar. 



Percebi que ela estava confortável para falar sobre o assunto e que talvez sentisse interesse em abrir-se emocionalmente para mim. Voltamos para casa e fizemos tapioca de banana e um bom café. Nós trabalhamos juntos, o que é o paraíso e o inferno ao mesmo tempo, mas naquele momento decidimos falar dos nossos colegas do trabalho e como nos sentíamos em relação a eles. No meio da conversa ela perguntou se eu era bissexual e eu respondi que sou pansexual. O pansexual entende que existem muitas manifestações, se eu me sentir atraído e confortável para me relacionar com uma pessoa fora dos padrões de gênero e de estética eu vou me permitir, pois a gente se atrai pela personalidade, pelo que ela nos faz sentir e não pelo que ela tem entre as pernas. Começamos a discutir a diferença entre as duas orientações e expliquei: “O bissexual sente atração por expressões de gêneros masculino e feminino (independente se a pessoa é cis ou trans), já o pansexual entende que existem muitas manifestações, se eu me sentir atraído e confortável para me relacionar com uma pessoa fora dos padrões de gênero e de estética eu vou me permitir, pois a gente se atrai pela personalidade, pelo que ela nos faz sentir e não pelo que ela tem entre as pernas. Por isso eu acredito que gênero, sexualidade e afeto são comportamentos fluidos e não exatos como somos educados a acreditar.


“Se eu ficasse com você, eu seria pansexual?”

“Se você ficasse comigo eu seria muito feliz!” 


Eu sei, leitor... você imaginou que nos atracamos num beijo e transaríamos pela casa inteira como é comum na maioria dos filmes e novelas, mas sentimos que aquele não era o momento. Não sabíamos como nos tocar, tenho medo de fazer algo que lhe remeta ao trauma que viveu e ela tem medo de dizer ou fazer algo que me deixe desconfortável, já que na condição de pessoa transgênero tenho disforias com meu corpo. Sentimos uma tímida onda de libido no ar como um sinal de que estamos construindo afeto juntos. Mas se nos beijássemos ou nos tocássemos, as incertezas seriam maiores que o prazer. Desviamos o assunto para o livro “A Insustentável Leveza do Ser” até dar a hora de eu me despedir e ir embora. Passamos o dia inteiro juntos, trocamos olhares, conversamos muito, ajudamos um ao outro com as atividades do trabalho, mas não podemos trocar afeto como realmente gostaríamos, temos que ser discretos, coisa que para mim é muito difícil: a garota que estava interessado consegue me conquistar em detalhes que eu não imaginei que alguém conseguiria. 





Na hora do intervalo comecei a escrever sobre neurose, narrando um conto com o material que eu havia aprendido na aula. Estava rabiscando umas folhas na mesa da cozinha e ela se sentou ao meu lado com ares de curiosidade e perguntou sobre o que eu estava escrevendo, nem terminei de explicar, ela pegou as folhas que já estavam prontas e começou a ler. Eu não sei se ela sabe o quanto me deixou feliz com esse gesto... Às vezes quando trocamos olhares em silêncio sinto que estamos nos conquistando em um lugar dentro de nós, seus pequenos detalhes me surpreendem e me deixam confortável para lhe mostrar quem sou. Ela me faz respirar aliviado e me mostra sem pressões que posso viver sem a capa de super-homem que sou culturalmente obrigado a usar. Na sociedade o ser masculino não pode parecer feminino, não pode renunciar ao privilégio de ser homem, é por isso que existe a misoginia e a homofobia como uma forma agressiva e perversa de desdenhar o que é caracterizado como feminino. Com ela eu pude me mostrar inseguro e ela forte, eu posso mostrar meus poemas e ela pode contar suas aventuras em trilhas nas florestas com onças e jacarés. 





Caminhamos sem destino apenas porque queríamos ficar próximos, sem as formalidades do trabalho. Sentamos na praça da alfandega e os mendigos que passavam pela gente diziam que formávamos um casal bonito, um deles disse que se tivéssemos um filho seria a criança mais bonita da América latina! Rimos e dialogamos: 


- vai uns vinte mil reais para fazer uma fecundação in vitro...

- melhor adotar, fica bonito igual apenas com a educação que a gente vai dar. 

- espero que tenha seu senso de humor...

- espero que saiba escrever como você...

 - nosso filho será roteirista de comédia.


Nem nos beijamos ainda e já estamos falando em filhos. Senti que seu corpo estava tendo algumas reações e o meu queria ser tocado por ela, tímidos, continuamos a falar sobre a educação no Brasil. Olhamos para a noite, sentimos o vento sul esfriando a temperatura e enquanto vestia meu suéter perguntei a ela se eu poderia abraçá-la. Ela aproximou seu corpo do meu e no abraço senti seus dedos acariciando meu braço, me olhou bem de perto e disse: "Quando saí da loja, a Camila perguntou com o olhar se eu iria te beijar hoje, me fiz de desentendida. Camila foi profética". Nossa respiração estava muito próxima, nossas bocas se tocaram e seus lábios massagearam os meus... Eu apertei seu corpo no meu e minha boca quis beijar seu pescoço. Seu beijo é delicado e lento, nossas mãos acariciam com a leveza e a malícia do corpo, da pele.


“Faz tempo que não me sinto atraída por um garoto, todas as reações que meu corpo tem são novas, lembro quando estávamos no trabalho e você me pediu licença para usar o meu computador, me afastei, mas ainda fiquei perto o suficiente para sentir sua respiração no meu ombro. Depois você me olhou nos olhos e disse: obrigado. Se eu pudesse, te beijaria naquele momento.” 


Ao ouvir sua narrativa, aproximei minha boca do seu pescoço e soprei de leve na sua pele, ela arrepiou-se inteira, sorriu e apertou meu antebraço. Minha boca beijou sua pele procurando seu rosto, procurando seus lábios, dessa vez eu arrepiei. Fui para casa me sentindo meio bobo, ela me causou um sentimento muito bom. Sou inseguro com meus traços físicos porque não condizem com a minha alma, mas ela quer aprender a lidar com isso, para ela isso não tem importância: ela me enxerga como sou e sente atração pela meus traços hermafroditas, pois nesse momento tenho peitos e barba, sendo uma beleza fora do padrão hétero-cis-normativo. Embora eu tenha uma estrutura muscular masculina, tenho vagina. Isso não me afeta porque sou bem resolvido com a minha sensualidade e como a manifesto. Mas sei que para muitas pessoas isso faz diferença, tanto que em meio a um flerte minha primeira questão a saber é se vou me sentir seguro para expor meu corpo.





No trabalho as pessoas começaram a perceber que estamos próximos e perguntavam para ela se estava acontecendo alguma coisa. Ela achou engraçado, mas eu me irritei. Não manifestamos afeto dentro do ambiente e não deixamos de fazer nosso trabalho direito, então ninguém pode falar nada. Percebemos que somos rodeados de pessoas sexualmente inseguras e sedentas por alguma experiência afetiva fora dos padrões caretas de comportamento, pessoas com curiosidades pulsando em suas veias, mas as estruturas punitivas que somos embutidos desde criança em relação a sexualidade as afastam de suas curiosidades. Depois de algum tempo, tornou-se um jogo erótico ficarmos insinuando coisas com frases de duplo sentido e depois dizer que somos apenas bons amigos. Às vezes ela fala do um relacionamento aberto e à distância com um garoto e eu falava de pessoas que acho interessante, como forma de despistar qualquer evidência do nosso relacionamento. 





Combinamos de nos encontrar no nosso dia de folga. Novamente iria na casa dela e aquela ansiedadezinha visitou minha imaginação. Sentia-me seguro em mostrar meu corpo e em conhecer o dela. Fiquei imaginando suas texturas, seus cheiros e sabores e como me sentira seduzido por seus detalhes...
já estávamos nos seduzindo com palavras nos últimos dias. Na nossa subjetividade já sabíamos que nossos corpos iriam se unir intimamente embora não tivéssemos falado diretamente sobre isso.


“Mas não crie expectativas, garoto... a garota aqui é estragada e talvez na hora não funcione.” 

“Fica tranquila, não estou indo aí apenas pela funcionalidade da coisa, se a gente trocar o pneu de um carro na chuva vai ser divertido.”


E seria mesmo... detesto fazer compras e lembro-me de ficar longos minutos com ela na sessão de condimento dentro do mercado conversando se páprica é um bom tempero ou não. Cheguei na casa dela depois de pedalar quase 15Km. Nos sentamos no sofá e falamos sobre o trabalho que iriamos filmar para o meu curso. “A gente vai se abraçar, se beijar e não vamos nos soltar nunca mais” disse a ela. Ela sorriu. Fechamos os olhos e nos abraçamos e eu lembrei das vezes que a vi escutando música: ela fecha os olhos e se entrega para o que a melodia a faz sentir Eu quero ser as notas musicais que atravessam sua sensibilidade, ser o ritmo que faz seu corpo balançar e a batida que fará seu coração acelerar. Abraçados e de olhos fechados, ela me pergunta se tem algo que eu não quero que ela faça e logo respondo que não gosto que toque meus seios. Nos abraçamos mais forte, quando falei que gostaria de tomar um banho, já que havia pedalado por quinze quilômetros para chegar até ali. Nos despimos timidamente, usava uma cueca de um tecido que ela gostava e foi usada como pretexto para tocar minhas coxas: suas mãos subiram pelo meu abdome até chegar nos meus ombros, pescoço, cabelo e assim fechando os olhos para sentir seu toque enquanto a água corria sobre meu corpo. Peguei o sabonete para lavar suas costas deslizando para seu quadril. Senti como se mergulhasse num rio e as moléculas fundiam-se, não teve tensão no nosso toque e nossos corpos emanavam prazer. Parecia que tudo que sabíamos sobre o nosso gozo, para que desfrutássemos um do outro. Não teve tensão no nosso toque e nossos corpos emanavam prazer. O frenesi da libido ainda não havia chegado, estava se instalando aos poucos e queríamos que viesse naturalmente sem pressões.





Ela entrou no quarto, fui atrás dela. Segurei seu braço e trouxe seu corpo para perto do meu.
Ela sorriu e me puxou para a cama. Nossos corpos se uniram, nosso abraço se fez mais apertado, seu cheiro natural de mulher me entrou por todos os poros do corpo me embriagando. Ela me acariciava as costas e sorria enquanto me beijava, parecia relaxada. Ok... eu tenho meus demônios e ela tem os dela, mas estamos permitindo a libertação desses demônios. Minha boca encontrou seu pescoço, seus ombros, seus seios, seus mamilos, ela apertou minha nuca. Minhas mãos acariciavam sua cintura e daqui para frente nos entregamos, o ritmo do nosso prazer não foi rápido e frenético, foi lento, doce, contínuo e libertador. Nos tocamos com calma, 

“os pelos da sua perna, são por conta dos hormônios?” 

“Sim... antes eu não tinha pelos nas coxas, agora tenho...”. 

Depois dessa fala ela deitou a cabeça na minha perna e brincou com meus pelos, foi um carinho que nunca senti. 

“Você tem tensões nos músculos das coxas por conta do vaginismo?” 

“Sim, especialmente nesse músculo dentro da coxa.” 

Massageei suas coxas com calma, realmente existia uma tensão ali que ela não tinha controle.

“tudo bem se você não estiver confortável para certas coisas...” ela sorriu... “Vem cá!”




Teus cabelos acariciam minha pele como a água da chuva deslizando sobre a terra seca no fundo do que antes era um rio, que por pouco deixa de existir, não fosse as nuvens carregadas de chuva a lhe nutrir com suas gotas e lhe devolver a vida. Gota por gota, ao som da chuva o rio se enche até transbordar e toda a vida em sua volta ganha vigor e esperança. Me senti como se mergulhasse nesse rio e as moléculas do meu corpo se fundiam com as moléculas da água... das águas que fluíam do meu corpo, que transbordavam dos meus poros. Depois de uma longa corrida pela floresta, agora verde, a tigresa caminha em volta do rio procurando o melhor lugar para hidratar seu corpo. Com gratidão e reverência, inclina-se na margem e coloca a cabeça o mais próximo possível daquele espelho líquido e antes de se saciar, olha profundamente em seus próprios olhos no reflexo da água. Por mais que seus dentes sejam afiados e seu instinto seja de imponência, ela toca com delicadeza a superfície da água... sua língua desliza calmamente para saborear gole por gole, gota por gota. O rio, por mais silencioso que possa parecer (até indiferente para olhares destreinados), sente o beijo da tigresa no mais profundo da sua essência: desde sua nascente até o seu encontro com o mar, das partes que são visíveis até o invisível e inacessível aos olhos, das moléculas de H²O até os troncos e cascalhos escondidos lá no fundo... mas estão ali mesmo que não façam parte do ser rio. A temperatura aumenta com o sol, a felina se deita ofegante na sombra de uma árvore, majestosa, mas sempre atenta... nada escapa aos seus olhos e aos ouvidos, seu instinto de caçadora. Instigada pelo calor, ela lambe seus pelos para banhar-se como é natural dos felinos... sentindo o sol arder em sua pele, sentindo prazer em estar viva... ela vê as águas do rio evaporarem e irem para a atmosfera até chegarem as nuvens. E assim como o rio lhe entregou suas gotas de água para matar sua sede, agora doa-se para as nuvens de chuva. 


MAIS FOTOS: