21/12/2022 às 02:26

Narrativas Brasileiras, qual o futuro do Além das Lentes?

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Muitos profissionais utilizam o método “Golden Circle” para organizar sua empresa e/ou até mesmo para explicar suas campanhas de marketing, inclusive, é o padrão encontrado no discurso do Martin Luther King - esse círculo é um gráfico no formato de um alvo que indica do centro para fora: porquê, como e o quê. Tudo vêm sendo muito orgânico em como as coisas aconteceram no projeto e rompemos o círculo (não recomendado, mas acontece): começamos com o quê, descobrimos o porquê e em 2019 o nosso como - partimos para a nossa jornada pelo Brasil com a ideia de conhecer na prática a nossa cultura, compartilhar o máximo dela e somar com as oficinas de fotografia. Saímos com a meta de passar por todos os estados brasileiros, sem dinheiro certo, trocando trabalho por pouso, fazendo freelas incansáveis, gravando a série além das lentes e ganhando muito apoio inesperado. Não conseguimos todos os estados e não conseguimos compartilhar todos os episódios da Série Além das Lentes que estamos produzindo de cada estado, mas estamos fazendo muito para quem não tem financeiro e para quem está no processo de descoberta - E ESTÁ TUDO BEM - é justamente isso que queremos mostrar com a nossa jornada, o que aprendemos com as viagens, em como a nossa cultura de transformar com o próximo ainda existe aqui no Brasil e de como vem capacitando muita gente a criar com os seus sonhos - resistir. 

DADOS DE 2019:

- 06 estados brasileiros;

- 18 caronas de carro, 12 ônibus, 05 aviões e 05 mototáxis;

- 04 Apresentações e Palestras do Projeto;

- 07 Oficinas de Fotografia e 04 Exibições de Cinema em favelas e comunidades indígenas.

- 111 Cadernos Criativos produzidos pelos alunos e entregues;

- 10 Workshop de Fotografia Documental em favelas, comunidades indígenas, empresas e eventos.

- 02 Exposições Fotográficas;

- 01 Gravação de Conteúdo;

- 12 Cursos pessoais com conteúdo para o projeto;

- 14 Trocas de trabalho por residência em 09 lugares;

- 18 Casas de amigos e familiares;

- 01 banheiro público e 01 posto policial.

- 23 trabalhos fotográficos pessoais pagantes e voluntários.

818 pessoas atingidas diretamente com as atividades do projeto, sem mensurar as pessoas que visitaram as exposições e as pessoas que conheci trocando trabalho por pouso.

Primeiro destino de 2019 foi São Paulo, ficamos trocando trabalho por pouso em um hostel e depois fomos para fronteira do Brasil com a Venezuela, para atuar com os refugiados e com as comunidades indígenas que estão recebendo eles. Já passamos por Roraima, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul - você pode acompanhar sobre essas experiências no Frangmentos. Muita história ainda será escrita e a cada dia reescrevendo a nossa. 

🌹 PREPARAMOS UM VÍDEO LINDO SOBRE 2019:

Covid-19 e o Além das Lentes

Nossas metas de 2020 eram:

- viajar de carona de caminhão: editar documentário de cada estado para compartilhar no nosso canal do YouTube e encerrar série documental com o episódio dos caminhoneiros, assim iríamos otimizar o nosso deslocamento de um estado para o outro de carona e já produzindo o episódio final, passando com o projeto pelos estados brasileiros que não passamos ainda:

- trocar trabalho por residência em projetos: nesse ano pretendíamos focar somente em projetos, já que trocando trabalho por pouso em hostel acabava consumindo um longo tempo que poderíamos estar produzindo conteúdo. 

- não viajar com tanto peso: diminuir o peso da mochila de equipamento - estava viajando com quatro câmeras e a mochila estava pesando 13 quilos. Preciso muito das câmeras para os alunos, porém preciso muito mais das minhas costas - para não ficar defasado, em cada projeto iríamos fazer campanha para que as pessoas locais fossem doar câmeras que não utilizavam diretamente para o projeto que estaria dando aula, assim eles poderiam continuar as atividades do caderno criativo quando não o além das lentes não estivesse mais. 

- ativar a Vista Livre: em 2019 criamos uma Vakinha para fazer a pré-venda das camisetas da nova coleção do projeto, mas como não atingimos a meta estou trabalhando para juntar dinheiro o suficiente para tal. 

Não somos sustentados pelo governo, não temos patrocínio, estamos sobrevivendo com trabalhos em fotografia e vídeos, trocando trabalho por pouso através da Worldpackers, mas também recebendo muito apoio com as nossas necessidades de materiais e/ou espaço para as aulas - sou grata à isso. É muito além das lentes, é muito mais do que um apertar de botão - é um start para algo muito maior. Muitas pessoas foram além com a gente e o nosso agradecimento vai para cada um que de alguma forma nos apoiou. Cronograma de 2020 até 2021 estava certo para cada mês nos estados que ainda não fomos com o projeto, 2021 seriam os últimos e o encerramento para então residir em São Paulo para focar no sistema prisional. MAS COMO TODO PROJETO INDEPENDENTE, sofremos alterações: estávamos na Bahia quando a pandemia atingiu o mundo com força e veio para mostrar mudanças necessárias.

Há muitos anos venho lutando com o projeto e mesmo isso me satisfazendo como pessoa quando estou nos lugares, estou deixando de lado uma coisa importante: me cuidar. Mesmo com alimentação saudável, ainda faltam algumas coisas da minha saúde que preciso colocar no eixo e isso requer uma qualidade de vida um pouco mais estável, diante disso e vários outros fatores resolvi que a minha vida de mochileira em tempo integral estará dando um freio: vou fixar residência e estarei ainda viajando, mas com menos frequência. O mês de maio de 2020 foi o único mês que fiquei sozinha desde que me mudei para Florianópolis em 2015 e quem me conhece sabe que eu amo uma solitude. Pode ser que tudo isso mude? pode, porque as coisas mudam sem meu controle. Um dia me falaram que o projeto é construído por sonhos, mas não falaram que por trás desse sonho existe uma pessoa, o projeto é construído por realidades que não queremos enxergar. Quando eu residia em Florianópolis ninguém acreditava em nós, ninguém sabia exatamente como e com o que eu trabalhava, isso me incomodava, mas hoje vejo que o que me incomoda mesmo é que as pessoas não medem mais as palavras para falar de coisas que nem cabem a elas. Não me encaixo em nenhum padrão estipulado e é isso que eu gosto, estou bem com isso como uma boa aquariana.

“você só tem um rosto bonito, jamais vai ser fotógrafa”“cinema não combina contigo”“essas tatuagens não te representam, você é muito menininha para elas”“se eu fosse você eu não iria viajar”“você precisa de dinheiro, Ângela”“não tenho culpa que o meu projeto tem dinheiro”(vindo de um plágio)“nem sempre você é foda”

Que fique bem claro: não estou desistindo do projeto, estou organizando a minha vida e estarei continuando o projeto de forma mais leve como quando comecei a viajar: deixando para trás projetos e pessoas que não acredito, sem cobranças e compartilhando resultados mesmo sem ter dinheiro.

NOVAS METAS DE 2020 e 2021:

- residência fixa em São Paulo, capital: mais conteúdo para compartilhar online, oficinas fixas e vamos viajar com o projeto pelos estados brasileiros que não passamos a cada três meses, assim não viajo com tanto peso e consigo organizar financeiramente para atingir da melhor forma os projetos/alunos.

- viajar de carona de caminhão: vou continuar gravando documentário dos caminhoneiros para disponibilizar online, independente do destino ou oficinas do projeto.

- ativar a Vista Livre: inaugurar loja virtual. 

Não esqueça de acompanhar nas redes sociais:Instagram: https://www.instagram.com/projetoalemdaslentesYouTube: youtube.com/c/ProjetoAlémdasLentes

21 Dez 2022

Narrativas Brasileiras, qual o futuro do Além das Lentes?

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